quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Estímulo

Tão pouco nos faz criar ânimo. Tão pouco nos faz sorrir. Por tão pouco nós vivemos.

Apenas um comentário em um "post" pode nos fazer refletir e muitas vezes retornar a um cenário escondido. A mente é fascinante, pois até o odor na cena eu consigo sentir. A luz disfarçada pelas cortinas e pelas árvores em frente, eu enxergo com clareza. O barulho do assoalho da velha casa eu escuto. O carpete desgrudando, o sofá do cochilo, o café sobre o balcão... absolutamente tudo eu vejo, sinto, toco... as pessoas que ali frequentavam, em sua grande maioria, não as vejo mais com tanta frequência. Alguns simplesmente não vejo. Os sonhos e projetos daquela época viraram passado e não tem mais valor. Tudo era tão engraçado, tudo era tão novo e tudo era ao mesmo tempo muito chato.

Por onde é que eu andei todo esse tempo? Quantos anos se passam após aqueles outonos? Quanto frio eu senti, quantas vezes senti saudades e quantas vezes chorei?! Quantas alegrias e quantas paixões?! Muitas, muitas.
O mesmo cheiro de hortelã descrito em um "post" anterior eu também senti quando, na companhia da criatura mais doce do universo, eu despertei pro meu egoísmo, pra minha ignorância e pra minha displicência. Alguns minutos de conversa e a cabeça é voraz na viagem absurda ao passado. Vai e volta infinitas vezes. Flashes acompanham o odor de hortelã misturado com o cheiro do tabaco. As gargalhadas ainda me massageiam e preenchem o espaço. Ao mesmo tempo eu consigo enxergar a dor e o sofrimento que embora mascarados pela perseverança e fé, teimam em aparecer. Tudo continua no mesmo lugar... e eu sou tão pequeno.
No momento da despedida, um forte nó na garganta e um "gostei da visita... gostei mesmo! Venham mais vezes!", dizia meu dindo.
E com isso eu desperto pra realidade e me ponho em um pranto contido que pede absolvição à minha ignorância e ao meu egoísmo. Só resta correr contra o tempo e resgatar o que perdi.
Valorize o seu passado.