Há alguns dias
eu venho me propondo a escrever algo sobre o tema aqui no blog, pois nem só de
devaneios ele vive.
Pois bem. Como
todos sabem, minha formação é em Engenharia Civil e atualmente meu ramo de
atuação é em obras públicas, ou seja, aquelas que em sua grande maioria são contratadas
através de processos licitatórios.
A conjuntura
atual do nosso país tem presenciado uma crescente na construção civil que não havia
sido posta em prática ao longo dos séculos. Muito disto por uma questão de
fomento de economia e acesso à imóvel próprio, parte cabível nesta atuação pela
administração pública, mas muito disto porque nosso país tem uma carência grande
de efetiva evolução neste cenário, por um abandono oriundo de décadas em que o Governo
elencou outras prioridades. Não tenho o propósito de defender ou criticar Governo
“A” ou “B”. Isto é apenas uma análise histórica e atual.
É muito
importante identificarmos que inúmeros aspectos foram primordialmente
fundamentais para que tal cenário se desenhasse na trajetória do Brasil e
depois analisarmos de forma prática o que está sendo proposto pelo Governo.
Dentre todas
as conquistas a mais importante, sem sombra de dúvidas foi a possibilidade de “eleger”
o nosso próprio Governo. Tenho alguns pontos que me trazem dúvidas sobre a real
Democracia no Brasil, mas isto fica para uma próxima abordagem. Acredito que a
Democracia só existe realmente quando o povo tem lucidez, discernimento e
clareza do que ela significa... Porém, hoje temos um país de analfabetos
funcionais em todos os aspectos.
O segundo
ponto a ser considerado é a abertura ao capital estrangeiro, importação e
exportação de produtos e tecnologia, modernização da economia e do país e o
primeiro indício de melhoria social da população, dentre outras medidas. Aqui
certamente terei inúmeras posições contrárias, pois tenho de defender quem fez isto:
foi o abominado Fernando Collor de Mello o responsável por esta guinada nos
rumos do país quando disse que “Os carros no Brasil são carroças”. Poucos
sabem, mas foi o único a reduzir o número de ministérios. Ficou marcado pelo
início das privatizações, pelo confisco da poupança e posteriormente pelo
impeachment. Foi deposto muito mais por ter subestimado seus inimigos políticos
do que pelas “atrocidades” que cometeu (vide as capas dos jornais nos últimos
anos).
O terceiro
ponto é a estabilização da economia, o controle da hiperinflação e transmissão de
confiabilidade na moeda nacional. Talvez a partir desta conquista é que se pode
dizer que se amplia o horizonte de crescimento da economia nacional. O alicerce
da nação foi construído para que as demais conquistas sejam nele amparadas. Nesta
etapa surgiram os primeiros programas de distribuição de renda efetivos no
Brasil. Quem conhece o perfil de cada governante que tivemos sabe que de todos
os Presidentes, a partir de Tancredo Neves, eleito democraticamente por eleições
diretas, o FHC é o mais socialista. A interrupção do seu Governo não possibilitou
que houvesse a grande ampliação dos programas sociais que ele próprio almejava.
Em consequência, quem levou a fama foi o Lula que também ampliou os diversos
programas.
O quarto ponto
foi a inegável “habilidade” do Governo pós FHC em fazer o que se propôs:
governar. Tendo um cenário favorável ao crescimento o uso fruto foi primoroso.
Alavanca-se a economia através de programas como o PAC, por exemplo, amplia-se
a distribuição de renda, milhões tem oportunidade de acesso à casa própria, as
obras de infraestrutura ampliam, etc. E é neste ponto que quero chegar.
Hoje vivemos
um problema CRÔNICO em todo o Brasil. Tudo que se começa, ou atrasa, ou não conclui,
ou superfatura ou tem má qualidade... Ou
o que é pior: TUDO ISTO JUNTO. Não é exceção, é regra em quase todas as obras.
E o Governo tenta justificar o injustificável... E não é privilégio do Governo
Federal. Estados e municípios vivem situação semelhante.
A presidente
Dilma deu indicativos de que, para suprir uma carência de Engenheiros, vai
utilizar da mesma manobra que utilizou “em se tratando” dos médicos. Ou seja:
permitir que profissionais de outros países (entenda-se Cuba) possam exercer a profissão
no Brasil. Isto já é possível, desde que cumpram com os preceitos legais e “morais”.
Novamente estamos incorrendo no erro de estancar uma hemorragia com um band aid,
como se trazer mais Engenheiros fosse resolver os problemas que cito a seguir:
- Falta de
cultura de planejamento;
- Falta do
planejamento em si;
- Falta de
estudos bem elaborados de concepção e viabilidade;
- Falta de
projetos completos, minimamente decentes em qualquer país sério;
- Falta de
preços adequados;
- Altíssima
carga tributária em todos os setores da economia;
- Falta de mão
de obra qualificada ou que ao menos queira trabalhar (quantidade não é qualidade). Aqui vale um parêntese: os
programas sociais conduzidos hoje da forma como são, estimulam a que este
quadro se degrade mais ainda;
-
Intervencionismo absurdo do Governo na vida das pessoas e nas empresas;
- Burocratização
do sistema como um todo. Hoje se utiliza 4 ou 5 engenheiros para desempenhar as funções que em países desenvolvidos ou prósperos, se utiliza apenas 1 engenheiro (ou profissional, enteda-se como mais adequado), justamente pelo
excesso de burocracia envolvida em todos os processos;
- Investimento
em pesquisa e desenvolvimento, não ficando estes sob-responsabilidade exclusiva da
iniciativa privada. Atualmente os valores investidos no Brasil são baixíssimos;
- Incompetência
do Governo como um todo, visto isto através do aparelhamento e utilização de
estatais para fins de garantia de poder, financiamento de campanhas políticas,
etc. Sou da opinião de que o Governo tem de cuidar de saúde, segurança, educação
e regular os demais setores. O Governo não tem de ser dono de empresa nenhuma.
Deve sim, com competência e o mínimo de decência, controlar a economia e deixar
que as empresas produzam riqueza para o país;
- Altíssima
taxa de juros;
- CORRUPÇÃO,
que existe desde a fila da padaria;
- Morosidade
em aspectos que envolvam os processos licitatórios;
- Morosidade
em aspectos que envolvam a contratação para as obras;
- Morosidade
dos órgãos ambientais em todas as esferas, o que obriga a paralisação frequente
de obras já em andamento;
- Qualidade
das obras;
-
INADIMPLÊNCIA DO GOVERNO em todas as esferas;
- Efetivo crescimento econômico que sustente esta demanda. Nosso crescimento é vergonhoso comparado ao restante do mundo;
- Efetivo crescimento econômico que sustente esta demanda. Nosso crescimento é vergonhoso comparado ao restante do mundo;
- Extensão de
tudo que foi citado acima às indústrias extratoras, produtoras, distribuidoras
de insumos necessários à expansão da Construção Civil e demais setores da
economia e da sociedade.
Face ao
exposto, creio que assim que o que está na lista seja resolvido ou “minimizado”,
seria uma ótima solução buscar Engenheiros para resolver o déficit de
profissionais no país. Caso contrário, é mais uma medida populista que visa
tapar o sol com a peneira.
As empresas da
Construção Civil brasileiras estão dentre as maiores do mundo, tanto em qualidade quanto em quantidade. Executam obras
em TODOS os países desenvolvidos, sendo reconhecidas como referência
mundial em inovação e tecnologia. Por que só no Brasil não conseguem este
feito?
Aqui o governo recebe justamente o que contrata... Contrata mal, recebe mal e assim sucessivamente.
Aqui o governo recebe justamente o que contrata... Contrata mal, recebe mal e assim sucessivamente.