segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Engenheiros??? Precisamos é de competência...

Há alguns dias eu venho me propondo a escrever algo sobre o tema aqui no blog, pois nem só de devaneios ele vive.
Pois bem. Como todos sabem, minha formação é em Engenharia Civil e atualmente meu ramo de atuação é em obras públicas, ou seja, aquelas que em sua grande maioria são contratadas através de processos licitatórios.
A conjuntura atual do nosso país tem presenciado uma crescente na construção civil que não havia sido posta em prática ao longo dos séculos. Muito disto por uma questão de fomento de economia e acesso à imóvel próprio, parte cabível nesta atuação pela administração pública, mas muito disto porque nosso país tem uma carência grande de efetiva evolução neste cenário, por um abandono oriundo de décadas em que o Governo elencou outras prioridades. Não tenho o propósito de defender ou criticar Governo “A” ou “B”. Isto é apenas uma análise histórica e atual.
É muito importante identificarmos que inúmeros aspectos foram primordialmente fundamentais para que tal cenário se desenhasse na trajetória do Brasil e depois analisarmos de forma prática o que está sendo proposto pelo Governo.
Dentre todas as conquistas a mais importante, sem sombra de dúvidas foi a possibilidade de “eleger” o nosso próprio Governo. Tenho alguns pontos que me trazem dúvidas sobre a real Democracia no Brasil, mas isto fica para uma próxima abordagem. Acredito que a Democracia só existe realmente quando o povo tem lucidez, discernimento e clareza do que ela significa... Porém, hoje temos um país de analfabetos funcionais em todos os aspectos.
O segundo ponto a ser considerado é a abertura ao capital estrangeiro, importação e exportação de produtos e tecnologia, modernização da economia e do país e o primeiro indício de melhoria social da população, dentre outras medidas. Aqui certamente terei inúmeras posições contrárias, pois tenho de defender quem fez isto: foi o abominado Fernando Collor de Mello o responsável por esta guinada nos rumos do país quando disse que “Os carros no Brasil são carroças”. Poucos sabem, mas foi o único a reduzir o número de ministérios. Ficou marcado pelo início das privatizações, pelo confisco da poupança e posteriormente pelo impeachment. Foi deposto muito mais por ter subestimado seus inimigos políticos do que pelas “atrocidades” que cometeu (vide as capas dos jornais nos últimos anos).
O terceiro ponto é a estabilização da economia, o controle da hiperinflação e transmissão de confiabilidade na moeda nacional. Talvez a partir desta conquista é que se pode dizer que se amplia o horizonte de crescimento da economia nacional. O alicerce da nação foi construído para que as demais conquistas sejam nele amparadas. Nesta etapa surgiram os primeiros programas de distribuição de renda efetivos no Brasil. Quem conhece o perfil de cada governante que tivemos sabe que de todos os Presidentes, a partir de Tancredo Neves, eleito democraticamente por eleições diretas, o FHC é o mais socialista. A interrupção do seu Governo não possibilitou que houvesse a grande ampliação dos programas sociais que ele próprio almejava. Em consequência, quem levou a fama foi o Lula que também ampliou os diversos programas.
O quarto ponto foi a inegável “habilidade” do Governo pós FHC em fazer o que se propôs: governar. Tendo um cenário favorável ao crescimento o uso fruto foi primoroso. Alavanca-se a economia através de programas como o PAC, por exemplo, amplia-se a distribuição de renda, milhões tem oportunidade de acesso à casa própria, as obras de infraestrutura ampliam, etc. E é neste ponto que quero chegar.
Hoje vivemos um problema CRÔNICO em todo o Brasil. Tudo que se começa, ou atrasa, ou não conclui, ou superfatura ou tem má qualidade...  Ou o que é pior: TUDO ISTO JUNTO. Não é exceção, é regra em quase todas as obras. E o Governo tenta justificar o injustificável... E não é privilégio do Governo Federal. Estados e municípios vivem situação semelhante.
A presidente Dilma deu indicativos de que, para suprir uma carência de Engenheiros, vai utilizar da mesma manobra que utilizou “em se tratando” dos médicos. Ou seja: permitir que profissionais de outros países (entenda-se Cuba) possam exercer a profissão no Brasil. Isto já é possível, desde que cumpram com os preceitos legais e “morais”. Novamente estamos incorrendo no erro de estancar uma hemorragia com um band aid, como se trazer mais Engenheiros fosse resolver os problemas que cito a seguir:
- Falta de cultura de planejamento;
- Falta do planejamento em si;
- Falta de estudos bem elaborados de concepção e viabilidade;
- Falta de projetos completos, minimamente decentes em qualquer país sério;
- Falta de preços adequados;
- Altíssima carga tributária em todos os setores da economia;
- Falta de mão de obra qualificada ou que ao menos queira trabalhar (quantidade não é qualidade). Aqui vale um parêntese: os programas sociais conduzidos hoje da forma como são, estimulam a que este quadro se degrade mais ainda;
- Intervencionismo absurdo do Governo na vida das pessoas e nas empresas;
- Burocratização do sistema como um todo. Hoje se utiliza 4 ou 5 engenheiros para desempenhar as funções que em países desenvolvidos ou prósperos, se utiliza apenas 1 engenheiro (ou profissional, enteda-se como mais adequado), justamente pelo excesso de burocracia envolvida em todos os processos;
- Investimento em pesquisa e desenvolvimento, não ficando estes sob-responsabilidade exclusiva da iniciativa privada. Atualmente os valores investidos no Brasil são baixíssimos;
- Incompetência do Governo como um todo, visto isto através do aparelhamento e utilização de estatais para fins de garantia de poder, financiamento de campanhas políticas, etc. Sou da opinião de que o Governo tem de cuidar de saúde, segurança, educação e regular os demais setores. O Governo não tem de ser dono de empresa nenhuma. Deve sim, com competência e o mínimo de decência, controlar a economia e deixar que as empresas produzam riqueza para o país;
- Altíssima taxa de juros;
- CORRUPÇÃO, que existe desde a fila da padaria;
- Morosidade em aspectos que envolvam os processos licitatórios;
- Morosidade em aspectos que envolvam a contratação para as obras;
- Morosidade dos órgãos ambientais em todas as esferas, o que obriga a paralisação frequente de obras já em andamento;
- Qualidade das obras;
- INADIMPLÊNCIA DO GOVERNO em todas as esferas;
- Efetivo crescimento econômico que sustente esta demanda. Nosso crescimento é vergonhoso comparado ao restante do mundo;
- Extensão de tudo que foi citado acima às indústrias extratoras, produtoras, distribuidoras de insumos necessários à expansão da Construção Civil e demais setores da economia e da sociedade.

Face ao exposto, creio que assim que o que está na lista seja resolvido ou “minimizado”, seria uma ótima solução buscar Engenheiros para resolver o déficit de profissionais no país. Caso contrário, é mais uma medida populista que visa tapar o sol com a peneira.

As empresas da Construção Civil brasileiras estão dentre as maiores do mundo, tanto em qualidade quanto em quantidade. Executam obras em TODOS os países desenvolvidos, sendo reconhecidas como referência mundial em inovação e tecnologia. Por que só no Brasil não conseguem este feito?
Aqui o governo recebe justamente o que contrata... Contrata mal, recebe mal e assim sucessivamente.