quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quantas horas tem um dia?



São 5:30hs. Hora de acordar e iniciar o dia.
Em 15 minutos, já estou de banho tomado, vestido, dentes escovados e cabelo penteadinho (Tá bem! Nem tanto).
Mais 25 minutos pra tomar um café e ler o jornal. Incrível nossa capacidade de tomar café da manhã lendo um jornal. Experimente fazer isto no almoço pra ver a bagunça.
Em 5 minutos estou na garagem e levo mais 15 minutos até o serviço. Uma pequena reunião de mais uns 10 minutos e inicia-se o dia de trabalho para todos.
Mais 5 minutos até o escritório e uns 30 minutos lendo e-mail, na maioria das vezes, descartáveis.
Perco 10 minutos fazendo o diário das minhas atividades do dia anterior e 20 minutos programando e lançando no computador algumas ordens de serviço, que basicamente são o que regem a equipe de trabalho. Enquanto isso, perco mais uns 20 minutos tomando um chimarrão, por que ninguém é de ferro, né tchê!
Vou pra obra e passo em todas as frentes de serviço. Neste envolvimento, se tudo correr bem, perco mais uns 90 minutos.
Me desloco até o centro pra cuidar da parte burocrática do trabalho. Levo mais uns 10 minutos até o centro.
Fico trocando idéia com a fiscalização, entre um café e outro, por aproximadamente 60 minutos. Isto é essencial pro bom andamento dos serviços.
Vou até a prefeitura pra negociar a autorização pra remover o asfalto das ruas onde trabalharei o dia seguinte. Perco 45 minutos.
Aproveito e me desloco até a guarda municipal pra comunicar quais as ruas serão interditadas no dia seguinte. Perco mais 30 minutos.
Aproveito pra pagar luz, água, telefone, aluguel, etc. Conta-se mais uns 45 minutos.
É dia de pagamento dos funcionários, portanto tenho que ir ao banco. Perco mais 90 minutos, pois o Banco é o nosso saudoso Banrisul.
Mais uns 15 minutos até a obra e 60 minutos pra pagar todo o pessoal.
Intervalo de almoço de 30 minutos.
Hora de ir novamente até a obra. Mais 90 minutos. Sempre surge algum imprevisto.
Deu problema em algum equipamento, o que é a coisa mais normal. Perco mais uns 90 minutos envolvido. Busca peça, leva peça, lava, conserta, abastece, ...
Vou até a Secretaria do meio ambiente. Adivinhe só o que faço lá?! Solicito autorização pra PRESERVAR O MEIO AMBENTE. 60 minutos entre ida e volta com a solicitação negada, obviamente. Não te surpreenda por que é assim que funciona.
Hora de levar o carro pra revisão. Entre ida e volta no envolvimento com o carro, 40 minutos.
Perco mais 60 minutos na internet. Isso já é quase uma necessidade básica.
Dizem que é importante fazer um lanche à tarde. Perco mais 20 minutos.
O fiscal de trânsito me autua por excesso de velocidade. Lá se vai mais 25 minutos, atinjo os 39 pontos na carteira e deduzo R$ 540,00 do meu salário.
É hora de medição. A maldita medição que me persegue. Resumidamente, medição é cobrar pelos serviços que faço. 120 minutos.
Durante o dia perdi 30 minutos dizendo NÃO a aumento de salário, pagamento de horas extras indevidas, pedido de folga no dia seguinte pra comemorar o aniversário, levar a mãe, mulher, filho, sogra, cachorro, papagaio no médico, etc, etc, etc.
Perco mais uns 45 minutos no telefone. Acho a coisa mais inútil e irritante do mundo falar ao telefone. Consegue ser mais irritante do que aguardar na fila do Banrisul no verão.
Poutz! Esqueci de ir ao banheiro. 20 minutos durante o dia.
Novamente uma passada na obra antes de ir pra casa. 60 minutos incluindo a conversa com os encarregados sobre as atividades do dia seguinte.
Me desloco até minha casa e ponho uma roupa mais confortável. Em 25 minutos estou iniciando a caminhada que se estende por 90 minutos.
Antes de entrar no prédio encontro a vizinha chata do 1003 que ocupa mais 15 minutos contando dos seus problemas e das suas brigas com o síndico.
Chegando em casa é hora de um bom banho e de fazer algo pra comer. Em 30 minutos estou pronto pro lazer.
Assisto o telejornal. 45 minutos. Acesso a internet pra bater papo com os amigos no maldito MSN. 90 minutos, no mínimo.
Hora de assistir um filme. 120 minutos.
Preparação pra dormir. 15 minutos.
A média de sono de uma pessoa normal é de aproximadamente 480 minutos. Eu durmo um pouco menos.
Chegamos a um total de 2.200 minutos. São exatamente 36,66666667 horas.

Acho que tem coisa errada.
Acho que devo adiar o início da Especialização, da Academia, dentista e médico, senão vou ter que solicitar ao Deus um bônus de horas extras pra os meus dias.

Razão

Bueno! Faz alguns dias que não escrevo nada por aqui. Falta inspiração pra escrever e sobra indignação, o que não é nenhuma novidade vindo de mim.
Pois bem. Desde sábado tenho tido dias de sentimentos extremos. Felicidade, alegria, amizades, fé... indignação, raiva, sentimento de incapacidade. Minha profissão é bastante ingrata. Não que outras não sejam. Mas a minha, especialmente, é ingrata por que tenho a necessidade de conviver, tratar e negociar e me manter amparado na burocracia. Na minha opinião a burocracia é o grande mal deste país. Para tudo necessitamos dela. Ela abre precedente pra corrupção e ineficácia de todos os nossos sistemas públicos. E é justamente ela que tem me feito passar algumas noites em claro. Descontar a raiva e desabafar é quase que fundamental.
Ainda não aprendi a conter os ânimos. Desconto a raiva e acabo falando coisa que não devo. Mas na engenharia isto funciona bem. Tem dado resultado, sem dúvida. Quando trabalhamos com "pessoas" menos qualificadas a imposição de tuas idéias é quase que uma necessidade para o bom andamento dos serviços, pois não podemos obrigá-los a terem a mesma ambição que temos. Porque são pessoas comuns, que acordam, vão para o trabalho e fazem estritamente o necessário para comer à noite. Infelizmente a grande maioria da população brasileira tem este mesmo pensamento.
O que dá um gás e nos dá força pra seguir na luta, além da fé, que sempre tem me amparado, é pensar que talvez não conseguiríamos chegar até o final do dia sem algumas coisas essencias pra sobrevivência de nossa alma. Saber que tem uma criaturinha de 3 aninhos que é apaixonada por você. Que tens pais que lutaram e continuam lutando, enfrentando dificuldades para manter o teu sustento quando precisaste. Que são exemplo de disposição pra qualquer jovem de 15 anos. Que acordam às 5 horas da manhã e simplesmente trabalham o dia todo, pela simples alegria de estarem vivos. Vão dormir tarde da noite com a sensação de dever cumprido. Mais um dia se passou e mais um dia eu fui feliz. Feliz com as simples coisas do cotidiano. Que tens irmãos que foram exemplos, primos especiais, tios e tias que são muito mais do que apenas parentes e que deixam o coração rasgado de saudades. Que tens amigos verdadeiros (isso é tão raro nos dias de hoje) e que felizmente eu tenho "aos punhados". Que tens um amor que te diz absolutamente todos os dias que sente sua falta e que batalha como guerreira, mesmo sendo doce como o mais puro mel.
Com tudo isso acontecendo eu me pergunto: será que temos motivos pra estarmos desiludidos com a vida? Não. Não temos. É fácil enxergar onde está a verdadeira alegria de passar mais um dia feliz. Com base na fé enxergamos até o que não existe. Quantos já tentaram desvendar e trilhar atalhos tortuosos do dia e não conseguiram? Os mesmos tantos que desvendaram e são felizes simplesmente pelo fato de estarem vivos e terem saúde.
Vi minha madrinha morrer num sofrimento interminável. Em seus piores dias escutava dela uma gargalhada que sou incapaz de dar, muitas vezes, nos meus melhores dias. Isto é a razão e o sentido da vida. Sempre tem alguém que precisa escutar sua gargalhada e ser iluminado pelo teu sorriso, sentir teu aroma de hortelã e guardar de você a tua essência, que é o que realmente fica.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O grande prazer de c.a.g.a.r na casa da sogra

Dejair sempre foi um rapaz bastante comunicativo, adepto à festas e um tanto quanto namorador. Já aprontou algumas e uma das mais engraçadas ele apronta na casa da sogra.

Namorada nova e encantadora, de família tradicional. Bem tradicional. Deja é convidado para ir à casa da nova namorada para ser apresentado à família dela. Obviamente que o jantar é "tapado" de pompas. Garfo pra cá, colher pra todo o lado, 8 pratos empilhados, 4 copos por pessoa, toalinha disso, toalinha daquilo, ... o escambal. Deja nunca foi de muito frisque-frisque. Pois bem. O negócio é encarar.
À caminho, na condução de seu chevette ele sente uma pequena dor de barriga. Totalmente controlável, diga-se de passagem. Conforme aumentam as curvas do caminho, aumentam as cólicas e a velocidade. Chega em frente ao endereço e vê um lindo e amplo jardim. Neste momento a vontade é incontrolável. Ele reluta mas fica praticamente sem escolha. Esconde-se atrás de um dos arbustos e ................ aaaffff.... que alívio. Só se dá conta que não tem como se limpar após terminar o serviço. A meia do pé direito é a solução.
Toca a campainha e a namorada vem toda carinhosa recebê-lo. Imediatamente foi apresentado à sogra. Logo de cara mete três beijos estalados na véia, um forte abraço com uns tapa nas costas do sogro, beija o irmão mais novo que tem cabelo comprido achando se tratar de uma mocinha. Cumprimenta cunhado, cunhada e seus respectivos e, pra finalizar pisa no rabo do tobby. Fazia um frio danado e antes da janta o sogro serve um bom vinho chileno, que por sinal dejair não degusta. Apenas engole como se fosse um martelinho de cachaça. O sogro já o olha meio engraçado.

Sentam-se todos à sala com aqueles tapetes peludos volumosos. Tem alguma coisa estranha. Um cheiro diferente no ar. E algumas manchas no tapete que incrivelmente seguem o trajeto feito pelo Deja. Seu sapato está completamente borrado. Pobre do Tobby: leva a culpa pelo ocorrido. A sogra, com toda delicadeza oferece-lhe um chinelo mais confortável que pertence ao seu esposo. O chinelinho parece uma lancha nos pés do Deja. Deve ser um 48, mais ou menos. Deja imediatamente lembra da ausência da meia do pé direito. Logo se justifica dizendo: "na nossa família sempre tiramos uma das meias pra dar sorte e prosperidade ao casal". Com essa ele conquista os sogros.

A empregada comunica à sogra que o jantar está servido e todos se dirigem à mesa. Todos ocupam seus lugares e Deja, visivelmente abalado com tanta louça em cima da mesa, faz um comentário super engraçado: "ainda bem que eu não vou precisar lavar toda essa louça, hein?". Todos se olham e num gesto de educação soltam algumas risadas. Antes de mais nada o chefe da família convoca uma santa oração. Deja já está com o prato parcialmente cheio de arroz. Detalhe: além de ele não esperar a oração, o prato está virado para baixo. O constrangimento foi unamidade na mesa. Todos ficam sem saber o que fazer. A sogra, toda preocupada chama a empregada pra dar solução.
Iniciado o jantar, Deja já se sente mais à vontade. Às entradas são servidas e tudo segue na santa paz.

Voltaremos...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

De onde surgiu a idéia do Blog

Estou gostando bastante da idéia de escrever. A grande verdade é que nunca escrevi absolutamente nada. Iniciei aqui no Blog alguns dias atrás. Nunca fui capaz de compor uma música decente, um texto decente... nada.
Essa necessidade surgiu com uma indignação de algo que aconteceu no meu trabalho, só que infelizmente nem tudo pode ser "falado". Mas tudo pode ser escrito.
Mas o que quero dizer que esse universo virtual te inspira a falar. Dizer o que pensa. Criticar e elogiar sem exitar. Falar mal ou falar bem, mas falar. Quem nunca tentou, experimente. Talvez não num Blog se não te sentir à vontade, mas um ultrapassado diário pode ajudar e muito.
Inclusive tento não acompanhar Blog's para que este tenha sua própria cara, sua própria essência e que seja simplesmente o Blog do diego C.
Abraços

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Talento

Talento. Provém do latim, "talentum", que por sua vez se origina do grego "tálanton". Tálanton é uma moeda de troca (medida de peso) usada na Grécia e em Roma. No português, talento significa capacidade adquirida ou inata. Eu percebo que tenho talento pra música. O que me falta é competência pra ela.
É fácil perceber alguém que tem talento. É comumente utilizada no meio artístico. Ouve-se com frequência também quando se refere a esportistas.
Mas o que é talento? Pra que ele serve? Não serve pra absolutamente nada se não vier acompanhado de uma boa dose de COMPETÊNCIA. Talento sem competência é o mesmo que a eira sem a beira, se é que me entendem...? Enfim, nem precisa entender.
Moramos num país espetacular, cheio de talentos. Talentos na música, talentos na política, talentos nos esportes, talentosos pesquisadores, talentosas mães, pais, engenheiros, policiais e por aí vai... até astronauta nós temos. Aliás, tínhamos. Hoje ele se tornou mais um repentino célebre. Somos criativos, bem humorados e temos uma fama de termos "talentos" especiais pra farra. Porém, todo este talento vem acompanhado de uma dose muito pequena de COMPETÊNCIA. Portanto: de nada serve este talento todo. Nosso talento serve pra dar um jeitinho aqui, outro jeitinho ali e nada mais. Todos os brasileiro que uniram Talento e Competência foram reconhecidos no Brasil e fora dele.
Quando penso que poderíamos utilizar com maior COMPETÊNCIA o nosso TALENTO, logo penso que poderíamos ser um país de Primeiro Mundo. E eu garanto que nós temos talento pra atingir o Primeiro Mundo. Então, o que está faltando? Nem vou responder.
Não adianta almejar um Primeiro Mundo, se 99,99% dos brasileiros menos favorecidos continuarem achando que o interessante é nascer talentoso para o futebol, para o carnaval, para o samba ou para a política (diga-se que são uma das únicas maneiras de enriquecer por aqui). Enquanto isso, Alemães, Japoneses, Americanos e até Coreanos desenvolvem a Competência e depois despertam o talento. Por isso que eles são chatos, metódicos e, como se diz aqui??? "cri-cri"... isso mesmo. Eles são "cri-cri" e nós somos Terceiro Mundo. Mas nós temos o Pelé e a Carla Perez. Mas o Pelé e a Carla Perez já não são talentos. São orgulho do povo, e de orgulho falamos em algum post um dia desses.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Estética Sulina

Arma-se a noite e as pessoas quase que sistematicamente entram num processo inquietante em busca de abrigo.
A grande maioria reclamando do frio ou das mudanças repentinas de temperatura a que estamos expostos aqui no Rio Grande do Sul.
"Bom dia, boa tarde, boa noite...! Mas que frio, mas que coisa horrível, será que chove?!" É quase um vício. Parece que, impreterivelmente, a conversa deve ser iniciada desta forma, seguindo o tal "protocolo".
É uma queixa constante que oculta e mascara algo que é, em minha opinião, a maior característica do povo do Gaúcho. O verão se vai e o frio começa a surgir criando um cenário típico, com geada, neve e temperaturas desordenadas variando com intensidade. O desconforto físico acaba causando uma confusão "mental/psicológica" de que isto é ruim. A realidade é que isto fica embutido em nós e acabamos nos acostumando com a "idéia". Agindo assim acabamos deixando de aproveitar o que temos de graça e que faz parte do nosso cotidiano. Deixamos de aproveitar o clima, apreciar um bom vinho, uma comida típica, rodas de chimarrão e violão, as quais tanto aprecio.
O frio deveria ser o maior aglutinador da família. Sentar-se ao redor de uma lareira, um fogão à lenha ou até mesmo um fogo de chão. Sentir o gosto do café que tanto combina com o frio, não é?!
Não gostar do verão? Imagine. Muito longe disso. Gosto muito do verão. Apenas creio que nos identificamos muito mais com o frio. As pessoas ficam mais interessantes, convivemos mais com nós mesmos numa melancolia insistente de uma noite de inverno. Isso é triste, deprimente?! Talvez. Reflita comigo: artistas produzem mais na tristeza, solidão e sofrimento que causa uma introspecção absolutamente necessária. As maiores obras primas da humanidade surgiram nestes momentos. O frio impulsiona a alma a transformar o pensamento mais fútil e corriqueiro em uma viagem infinita para dentro de nós. E a inspiração surge no ato.
Quão arcaico isto seja, para mim é um orgulho perceber como novidade esta "estética" sulina que mantém e traduz a cultura do nosso estado, preservando a tradição apesar da descrença e do mundo global.
Mas que frio horrível, tchê!... horrível sim, apenas pra quem não sabe aproveitá-lo.