quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Razão

Bueno! Faz alguns dias que não escrevo nada por aqui. Falta inspiração pra escrever e sobra indignação, o que não é nenhuma novidade vindo de mim.
Pois bem. Desde sábado tenho tido dias de sentimentos extremos. Felicidade, alegria, amizades, fé... indignação, raiva, sentimento de incapacidade. Minha profissão é bastante ingrata. Não que outras não sejam. Mas a minha, especialmente, é ingrata por que tenho a necessidade de conviver, tratar e negociar e me manter amparado na burocracia. Na minha opinião a burocracia é o grande mal deste país. Para tudo necessitamos dela. Ela abre precedente pra corrupção e ineficácia de todos os nossos sistemas públicos. E é justamente ela que tem me feito passar algumas noites em claro. Descontar a raiva e desabafar é quase que fundamental.
Ainda não aprendi a conter os ânimos. Desconto a raiva e acabo falando coisa que não devo. Mas na engenharia isto funciona bem. Tem dado resultado, sem dúvida. Quando trabalhamos com "pessoas" menos qualificadas a imposição de tuas idéias é quase que uma necessidade para o bom andamento dos serviços, pois não podemos obrigá-los a terem a mesma ambição que temos. Porque são pessoas comuns, que acordam, vão para o trabalho e fazem estritamente o necessário para comer à noite. Infelizmente a grande maioria da população brasileira tem este mesmo pensamento.
O que dá um gás e nos dá força pra seguir na luta, além da fé, que sempre tem me amparado, é pensar que talvez não conseguiríamos chegar até o final do dia sem algumas coisas essencias pra sobrevivência de nossa alma. Saber que tem uma criaturinha de 3 aninhos que é apaixonada por você. Que tens pais que lutaram e continuam lutando, enfrentando dificuldades para manter o teu sustento quando precisaste. Que são exemplo de disposição pra qualquer jovem de 15 anos. Que acordam às 5 horas da manhã e simplesmente trabalham o dia todo, pela simples alegria de estarem vivos. Vão dormir tarde da noite com a sensação de dever cumprido. Mais um dia se passou e mais um dia eu fui feliz. Feliz com as simples coisas do cotidiano. Que tens irmãos que foram exemplos, primos especiais, tios e tias que são muito mais do que apenas parentes e que deixam o coração rasgado de saudades. Que tens amigos verdadeiros (isso é tão raro nos dias de hoje) e que felizmente eu tenho "aos punhados". Que tens um amor que te diz absolutamente todos os dias que sente sua falta e que batalha como guerreira, mesmo sendo doce como o mais puro mel.
Com tudo isso acontecendo eu me pergunto: será que temos motivos pra estarmos desiludidos com a vida? Não. Não temos. É fácil enxergar onde está a verdadeira alegria de passar mais um dia feliz. Com base na fé enxergamos até o que não existe. Quantos já tentaram desvendar e trilhar atalhos tortuosos do dia e não conseguiram? Os mesmos tantos que desvendaram e são felizes simplesmente pelo fato de estarem vivos e terem saúde.
Vi minha madrinha morrer num sofrimento interminável. Em seus piores dias escutava dela uma gargalhada que sou incapaz de dar, muitas vezes, nos meus melhores dias. Isto é a razão e o sentido da vida. Sempre tem alguém que precisa escutar sua gargalhada e ser iluminado pelo teu sorriso, sentir teu aroma de hortelã e guardar de você a tua essência, que é o que realmente fica.

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