quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ainda no útero

Feliz de quem consegue ter a livre e leve sensação de ainda estar dentro do útero.
Lá e apenas lá naquele mundo tudo te pertence. Lá onde de nada vale a aparência e o alimento é incessante. O interior é preenchido com Luz e a fragilidade do corpo se transforma em energia pura pelo alimento generosamente oferecido pela mãe.
Nem mesmo os raios do sol lá chegam, diretamente. Mas percorrem veias que os fazem refletir naquele imenso mundo com muito mais intensidade.
O útero é a fortaleza mais segura do mundo. É a prisão com os muros intransponíveis e a única de onde qualquer prisioneiro jamais sonhou em sair.
De lá, surgimos pra um mundo onde rejeitamos a natureza e a energia que está em nossa volta. Muitas vezes é lá que esquecemos nossa fé e de lá partimos para um mundo cheio de anjos que nos cercam. Porém, nossa pobreza de espírito não nos deixa enxergá-los.
Um mundo que nos julga minuto a minuto onde todos estão muito bem enclausurados em suas carapuças invisíveis. Por detrás delas se vê muito pouco. O escudo não permite que se veja muito mais do que os olhos.
Os olhos são a mais pura verdade. Eles é que são o canal aberto pra tua verdadeira essência. Quem não me olha nos olhos enquanto fala, não conquista meu "eu", e sim um "eu" mascarado, jovem e ao mesmo tempo caleijado da falsidade do mundo.
Mal sabem esses que o espírito insano, inconsequente e feliz de uma grande alma tem o poder de torná-los escalvos de toda esta maquiagem. Mal sabem que o que realmente importa é o que se sente. É fazer o que se tem vontade sem medo de que te julguem. É dançar quando sentir vontade, cantar no volume e intensidade do coração e sonhar com a inocência de um feto.
Exatamente... nos falta o poder de identificar onde é que estão nossas almas e qual é a verdadeira essência delas.
Vivemos e corremos tanto atrás de que, se o que realmente importa é a paz de espírito?!
Consigo enxergar o buraco em minha alma? Consigo sim. E não somente consigo enxergar como sinto que isso contagia a quem está ao meu redor.
A força da natureza tem o poder de fechar este buraco.
Basta senti-la.
E pra isto não precisamos de nenhum dom especial.
Sentimos esta força durante 9 meses.
Conquisto esta liberdade com uma graduação racional de insanidade que consigo impôr aos meus atos, sem me preocupar com que os "outros" irão pensar e admiro incessantemente quem tem este dom... ,
o dom divino de viver e ser feliz como se estivesse ainda no útero.
Por isto não consigo elevar às nuvens alguém que não é capaz de reconhecer seu verdadeiro sentido de existir. Por isso prefiro ignorar a quem veio sem a pretensão de marcar.

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