domingo, 26 de junho de 2011

Invernia

Tardezita de Junho no interior e o frio que descadera o cusco, assusta. 
O fruto cobiçado, tal morena do tipo bicho, do tipo flor, trás acalento ao coração do moço que aguarda o seu afago. Se desloca da terra do pinhão trazendo o desejo nos olhos que ardem de saudade de quem te espera.
O veneno doce da boca eu chego a sentir na febre do meu existir, em todos os momentos que estás distante.
A pitada de pimenta queima e aquece o frio que ronda nosso rancho. Não tem fogo de chão e nem sequer é de chão batido, mas traz a pura essência gaúcha trançando as fantasias do mundo moderno. Sorvo o mate que aprecio e a cada gole o pulso bate, ao passo que o ponteiro do relógio reduz a espera. 
O amor que antes era um sonho, hoje é a mais pura realidade no coração deste moço. O cheiro de cada galpão que já andei hoje não mais faz falta, não mais faz sentido, porque o sentido presente de confiança no futuro pleno preenche cada espaço vazio quando estás longe. A melodia me acompanha desde que fui concebido e hoje ela ecoa mais alto no pampa da minha alma e é por ti...
A labareda lembra o que passou e afaga o que ainda está por vir. 
Sonhos, chão, poeira, o mundo nos aguarda...!  O passado há de continuar se refletindo em felicidade.
As rédeas que ontem me esguiaram, hoje me guiam. Ao topo do mundo me vou com o frio do inverno e certeza de que não mateio sozinho. O tempo é o brilho que adormece e incandesce a cada minuto à sombra do teu sol, minha linda flor MORENA.
Aquenta o meu inverno que eu afago os teus sonhos!

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